23 de julho de 2014

Colecionando amigos no facebook


970 pessoas, esse era o número de amigos na minha página do facebook.
Faz alguns meses que olho esses dígitos e me pergunto: quem são esse montão de amigos? Onde conheci tantas pessoas assim? Hoje, com minhas lindas férias, decidi conferir uma por uma só para confirmar se conheço todo mundo mesmo.
Foi como abrir o álbum de fotografias guardado na casa da avó com aqueles momentos incríveis de quando era criança. Entre nove centenas de pessoas, revivi colegas do ensino fundamental, ensino médio, Universidade, primeira viagem com as amigas, relembrei de momentos engraçados, chatos, bons, ruins, legais pra caramba e é gostoso sentir isso. Porém, durante esse passeio à lista de amigos me deparei também com muitas pessoas com quem nunca tive um vínculo além do oi perdido em alguma fase da vida.
Ao olhar tantas pessoas assim, me recordei de um artigo que li certa vez que abordava a diferença entre o colecionar e consumir determinados artigos. Resumidamente, o colecionador é aquela pessoa que cria vínculos emocionais com seus objetos e o valor deles está desconectado com o monetário e conectado com o valor afetivo. Já o consumista é a pessoa que necessita de novos produtos para definir quem ele é e pelo prazer de consumir. Esses produtos não estão, necessariamente, conectados com valores afetivos, mas sim com o possuir.
Ao observar o tanto de gente na minha página e me perguntar como é que aquele número cresceu rapidamente, conectei as informações e cheguei a conclusão de que a rede social nada mais é que um colecionar de pessoas. É comum colecionar latinhas de cerveja, figurinhas, moedas, papel de carta, entre inúmeros outros objetos. Mas nunca parei para pensar que podemos e estamos colecionando pessoas.
Não muito satisfeita com o número exorbitante de conhecidos e definitivamente, não me considerando uma colecionadora, decidi fazer uma limpeza. Sempre fui a favor do desapego em qualquer área da vida e, assim como, uma blusa velha no fundo da minha gaveta não diz muito sobre mim, algumas pessoas no meu facebook não fazem ou nunca fizeram parte da minha vida.
Durante essa limpeza me deparei com a dúvida: excluir ou não excluir? Sendo racional e prática, deveria analisar questões comuns como se converso frequentemente, se esteve próximo(a) nos últimos anos, há quanto tempo não conversamos, se me cumprimentaria na rua, se é ou foi importante na minha vida e caso o não fosse a resposta para a maioria das questões eu excluiria. Mas porque mesmo assim ainda havia dúvida? .
Se não há nenhum motivo para continuar amiga de alguém, mas continuo mantendo-o por puro apego que não é necessariamente emocional, então, posso concluir que ao invés de colecionar eu estou consumindo as pessoas.
O fato é que assim como aquela blusa velha citada acima, nós mantemos pessoas distantes e inertes em nossa vida, por simples e puro apego e isso não significa que um dia foram importantes ou que passamos por bons e maus momentos na vida. Significa, apenas que elas nunca fizeram e provavelmente nunca farão parte das nossas vidas, mas é sempre bom mantê-las por perto. Vai que um dia eu precise.

Mesmo assim, depois de tanto pensar a respeito, meu número de amigos mudou para 724. Me sinto mais leve, menos consumista e um pouco colecionadora

13 de junho de 2014

Brasil, meu amor


Ninguém pediu minha opinião e nem devem se interessar muito pelo o que penso, mas, acho, que nunca me senti tão feliz em escrever como hoje.
Alguns devem achar que por estar fora do Brasil, longe das manifestações e distante de toda confusão que eu não tenho direito de opinar sobre o meu país. Entretanto, digo, que nunca me senti tão parte da minha nação como venho me sentindo nos últimos meses. Não estou aqui para falar de governo e governantes, estou aqui para mostrar o olhar de uma brasileira que mora longe e que nem por isso, acha que é um privilégio.
Estou muito orgulhosa, Brasil. Muito orgulhosa pelo país, muito orgulhosa da presidentA que independente da reação dos torcedores, encarou a abertura de peito erguido, estou orgulhosa dos meus amigos brasileiros reunidos assitindo o jogo e estou orgulhosa pela abertura da copa.
Fanática que sou, assisti tudo muito concentrada e conclui que tudo depende sempre de quem vê.
Hoje li o título de um texto que fala sobre a arquibancada verde e amarela no estádio e de como eles não representavam o Brasil. Discordo. Não porque defendo a elite branca brasileira (como o autor descreveu), mas porque sim, eles literalmente são brasileiros e foi essa a imagem que ficou do jogo de ontem, pelo menos no exterior. Fiquei extremamente emocionada ao assistir todos cantando o Hino Nacional com muito orgulho e amor e eu tinha absoluta certeza que muitos que reivindicaram até ontem, iriam se render a emoção da copa hoje. Ouvir um estádio inteiro cantando um dos Hinos mais lindos do mundo, é mesmo de arrepiar, pois é possível perceber que independente do ódio ainda há muito amor pela nossa pátria.
Também discordo com as imensas críticas sobre a abertura. Se o show realizado foi playback ou se o figurino das cantoras era Chanel ou Riachuelo, realmente não me interessa. O que fez meus olhos encherem de lágrimas foi conhecer um pouco das danças de regiões que nem eu conhecia (agora imagina um estrangeiro), foi ver o sorriso no rosto do rapaz que realizou o primeiro chute da competição e que graças a tecnologia, liderada por um brasileiro, sentiu a emoção de poder movimentar as pernas novamente. Não menos importante, chorei, e chorei mesmo, ao ver as três crianças representando a mistura brasileira e iniciando a partida com três pombas brancas. Definitivamente, se a copa anterior e a anterior da anterior foram melhores, talvez seja verdade. Entretanto, o que não me orgulho em nada, é saber que muitos pensam isso porque elas foram realizadas em um lugar fora do Brasil. Para mim, é cada vez mais claro que o que vem de fora não é melhor e a grama do vizinho nunca é mais verde que a nossa!

Hoje, fui almoçar em um restaurante totalmente português e com a mesma ''facilidade'' de ontem, também me emocionei e dessa vez não foi de alegria. Na televisão local, passava uma reportagem com um grupo de manifestantes queimando a  bandeira do Brasil em algum litoral que não consegui identificar.
Durante duas horas de almoço com duas horas de jornal, apenas 1 minuto foi destinado à revolta de alguns brasileiros e mesmo assim eu me emocionei, porque o que dói mesmo é ter que ouvir uma nação (Portugal) que não é minha dizer coisas das quais eu não concordo e ainda me julgarem por isso todos os dias por onde eu passo.
Gostaria que muitos tivessem a oportunidade de morar fora um dia e que pudessem sentir as diferenças na pele e perceberem que não há lugar no mundo melhor que o nosso. A Itália não é boa por ser Itália. Portugal não é bom por ser Portugal e Alemanha não é boa por ser Alemanha. Tudo é estereotipado na nossa cabeça de uma maneira nem tão verdadeira assim. Todos os lugares, sem exceção, tem seus problemas sociais, políticos e esportivos. Não é só o Brasil, baby.
Um dia desses li uma reportagem com os seguintes dizeres:

''para a gente entender o que de fato aconteceu neste país é preciso entender a nossa história. Já disse e repito: Cristóvão Colombo chegou em Santo Domingo, em 1492, e em 1507 ali surgia a primeira faculdade. No Peru, em 1550, na Bolívia, em 1624. O Brasil ganhou a primeira faculdade com dom João VI, mas a primeira Universidade somente em 1930. Então você compreende o nosso atraso. Qual é nosso orgulho?
Este país foi o último a acabar com a escravidão, foi o último a ser independente. Só foi ter voto da mulher na Constituição de 30. Tudo por aqui resulta de um acordo, inclusive um acordo contra a ascensão social.''
 
Sabe quando nós saímos da Universidade achando que somos super competentes e algumas empresas não nos aceitam no mercado de trabalho porque não temos experiência o suficiente? Pois é, é mais ou menos assim que eu enxergo o Brasil perante o mundo. 
Novamente, não estou defendendo nenhum partido ou método político, só quero mostrar algo que aprendi morando fora e atualmente acho extremamente estúpido humilhar tanto o local onde nascemos e onde provavelmente iremos crescer e morrer. 
O Brasil, ao contrário do que pensam, é um país muito moderno para tão pouca idade e acho que devemos é ter muito orgulho por tudo que conseguimos conquistar. 
Em Portugal, moro numa cidade com quase 2000 anos enquanto que no Brasil a minha não tem nem 110 e acho quase impossível criar qualquer tipo de comparação. Por isso, é que me orgulho muito do que está acontecendo hoje no meu país e me orgulho muito de poder estar em outro continente ajudando a mostrar o que temos de melhor. E mostro isso estudando, mostro isso me destacando, mostro isso trabalhando na área que escolhi, pois é assim que eles vão me enxergar. Não serei a mulher brasileira e bonitinha que gosta de futebol, mas a brasileira que veio estudar e fazer a diferença. E o melhor de tudo, é poder ver os colegas que escolhi fazendo o mesmo.

13 de fevereiro de 2014

Teatro social

Esses dias, precisei escrever um artigo para o mestrado sobre o tema fashion victim ou vítimas da moda em português. O assunto é extremamente interessante e aborda muitas linhas de raciocínio que me deixou empolgada com as leituras.
Entre os embasamentos teóricos que li, me fascinei pelo livro de um escritor francês chamado A Sociedade do Espetáculo. O livro aborda uma vertente da sociedade que cultiva uma vida de espetáculo através de uma imagem irreal para promover uma identidade através do consumo e do sistema capitalista. Durante a leitura, muitos fatos atuais passaram pela minha cabeça e comecei a pensar em hipóteses doidas, como:
Qual seria a reação, por exemplo, das pessoas diante de um amigo do facebook que só postasse fotos, músicas e frases tristes? Qual a influência esse perfil teria nos leitores? O excluiriam? Sentiriam pena? Menos ligações, menos curtidas e menos ombro amigo?
E se o indivíduo em si fosse muito feliz, sucedido, bem posicionado e, mesmo assim, postasse esse tipo de situação, como se fosse uma fraude virtual. Será que, mesmo o conhecendo, nós acreditaríamos na felicidade real dele? Com certeza não. E isso é o que acontece com todos os perfis de facebook e inúmeros outros pelo mundo (virtual e real). As pessoas apresentam sempre o melhor de si, ou o que acham ser o melhor de si e, impulsivamente, absorvemos essa imagem e a tornamos como verdade. Continuamos nos agrupando com os mais felizes e bonitos e excluindo os infelizes e feios, afinal, é dificil aceitar a tristeza profunda de alguém que só sorri nas fotos. É confuso entender que a garota de roupas lindas e diferentes em cada momento, passe por dificuldades financeiras e não é aceitável perceber que o casal sempre feliz e apaixonado do facebook passe por crises emocionais intermináveis.
Por carência emocional, afetiva e psicológica, nós distorcemos nossa própria imagem para parecer algo "aceitável" à sociedade. Carregar esse perfil é doloroso demais. Quanta energia e tristeza são depositadas todos os dias em nossa autoestima para conseguir manter esse espetáculo? 
Pessoas que sorriem são vistas como felizes. Quem irá reparar no desastre oculto?(Frederico Mattos)
Não tenho muitas conclusões para esse texto, na verdade tenho, mas não vale a pena ser escrita. O importante, acredito que seja pensar o mal que faço para mim mesma ao tentar divulgar aquilo que não sou ou que não tenho.

24 de janeiro de 2014

Como estrelas na Terra

''Nas ilhas Salomão, quando os nativos querem parte da floresta para agricultura, eles não cortam as árvores. Eles simplesmente se juntam ao redor delas, gritam xingamentos e dizem coisas ruins. Em alguns dias a árvore seca e morre. Ela morre sozinha''

O filme que me fez soluçar de tanto chorar..


19 de janeiro de 2014

Redes socias e a saudade



Esses dias, caminhando pela rua, pensei nesses assuntos de hoje em dia em que são ditos quando tentam amenizar as distâncias. Temos facebook, skype, whatsapp e tudo torna a saudade menor. 
MENTIRA!
Antes de toda a tecnologia, a saudade existia, mas não ficávamos olhando ela em fotos, vídeos, viagens e festas. Eram cartas que demoravam a chegar junto com uma imaginações gostosa criada em cima da ausência. 
Hoje, com todos os meios de comunicação, a saudade é ainda maior. Ela aumenta quando conversamos com nossos pais no skype. Aumenta quando vemos fotos da nossa família reunida em churrascos. Aumenta quando seus amigos estão todos juntos em uma festa. Aumenta quando ouve a voz de quem faz seu coração pulsar mais forte. Aumenta quando vê fotos da viagem que não pode ir. E aumenta...Aumenta...Aumenta...
Por isso, se alguém me diz que as redes sociais encurtam as distâncias eu respondo sim, mas que elas também são responsáveis por aumentar ainda mais a minha saudade.

3 de janeiro de 2014

Família

Nos últimos dias reaprendi a estar acompanhada. Por conta das festas de fim de ano fui e recebi a visita de um primo que mais parece meu irmão. Ontem ele foi embora e parece que junto levou um pedacinho de mim. Sabe aquele aperto no peito quando se precisa dar tchau a alguém que a gente gosta muito? Pois é, é isso que eu sinto toda vez que deixo alguém da minha família.
Não fui criada para estar sozinha. Com apenas dois anos, ganhei um irmão e no dia-a-dia estava sempre rodeada de primos para brincar e ocupar o tempo. Na adolescência, mesmo rabugentos, ainda tinha meu irmão, tinha meus pais e tinha sempre aquela companhia gostosa no café da manhã, almoço, janta e até mesmo na hora de ver televisão.
Acredito, que da mesma forma que os pais não estão preparados para verem seus filhos irem embora de casa, nós filhos, também não estamos preparados para ficarmos sozinhos. Sair da nossa zona de extremo conforto e aconchego é uma liberdade acompanhada de solidão. Sim, solidão. Mesmo com amigos, festas, trabalhos, nós não conseguimos preencher aquele carinho que só nossa família nos dá. E pode passar o tempo que for. Uns, tentam superar essa barreira e encaram a vida de frente a amenizando com namoros e amigos, outros se perdem entre álcool e excesso de festas em busca daquela carência familiar.
Nós somos feitos para vivermos em grupo e nos acostumamos muito rápido com as companhias e de forma muito lenta a ficarmos sozinhos. E é tão injusto que deveria ser uma equação de equilíbrio com direitos iguais para ambas as situações. Mesmo tendo consciência desse ritmo de vida, ainda dói. Dói levantar no dia seguinte e tomar o café da manhã sozinha. Dói preparar o almoço e jantar sozinha. Mas faz parte. Agora, é viver esperando a próxima visita que por muita sorte já está marcada. Irmão, chega logo, por favor.

1 de janeiro de 2014