30 de novembro de 2013

Ouvir ouvindo



Se tem uma coisa que eu adoro nessa vida é escutar as pessoas. Acho incrível sentar e ficar ouvindo as estórias divertidas, felizes, engraçadas, tristes, dramáticas que cada um vive. É tão gostoso poder fazer parte da vida de alguém, mesmo que contribuindo só com o ouvido.
Já percebi que tenho esse fado comigo. Em todos os lugares que vou, sempre encontro um falante adorável. Essa semana, sentada no banco do hospital, uma garota de 22 anos puxou papo. Ela nasceu na Romênia, mas vive em Guimarães com o marido e o filho há quatro anos. Sofia (esse não é o nome dela, mas como é bonito é assim que será chamada nesse texto) era a primeira pessoa romena que eu conhecia e como curiosa nata comecei logo a perguntar sobre o país. Ela me disse que em comparação aos seus costumes ela se casou muito tarde, com 18 anos e assim como eu achei engraçadíssimo o fato dela ter casado cedo, ela achou engraçado eu não ter um marido ou um simples namorado. Na Romênia, as garotas casam-se em média com 14 anos e em alguns casos são casamentos negociados pelos pais como na Índia. Fiquei impressionada, mas muito interessada pela cultura e continuou me contando como eram os casamentos, a moeda, as temperaturas, sua família e sua religião. Foram duas horas muito bem aproveitadas e no final até recebi um convite para passar o ano novo em sua casa.
Hoje, a estória foi de uma Portuguesa em um restaurante da cidade. Enquanto escolhia o que comer a garçonete perguntou de qual parte do Brasil eu e minha amiga éramos e em menos de 10 min descobrimos que aquela linda mulher já tinha sido casada com um baiano, que morou na Bahia, que foi casada 11 anos a distância, que tem um filho de 8 que não vê o pai há três anos e que apesar de toda experiência ruim, ama o Brasil. Sorte que o restaurante ainda estava vazio para ela desabafar um pouco conosco. Ás vezes, ninguém procura muita coisa além de um companheiro para ouvir e dividir essas loucuras da vida.  
Para muita gente esse tipo de conversa é chata e pesada, mas para mim é tranquilizante. Adoro poder dar minha opinião sobre um assunto, amo ouvir o modo de vida das pessoas e sou completamente apaixonada por, geralmente, ser ombro amigo de muitos queridos e queridas por aí. Falar alivia muito a mente e ouvir enriquece a alma. Já aprendi muito ouvindo e é interessante perceber que todo mundo tem um problema para colocar pra fora.Só precisa de alguém para ouvir ouvindo.

29 de novembro de 2013

Sentada na pastelaria apreciando o sol


Sexta feira a tarde, 12°C, um caderno, um lápis, um café e pensando:
Nasci no interior de São Paulo, em uma cidade muito quente. Lá não há árvores, não há sombra, não há vento, só o sol de 40°C em todas as estações. Sempre reclamei daquele calor que - me desculpem os católicos - era um inferno. E hoje é diferente.
O sol é maravilhoso. Claro que em excesso é ruim, mas assim é tudo na vida. Quando há sol eu me sinto mais feliz. Seus raios são compostos de bem-estar e me deixam tão contentes que sempre dou uma escapadinha para sentar e apreciar a claridade.
É só reparar como tudo muda com ele, todas as coisas de alguma forma transmitem felicidade, a água brilha, o vidro reflete, as flores florescem, as paredes iluminam e as pessoas sorriem. É muito lindo e simples.
Nunca o admirei tanto, quanto agora. Talvez porque antes ele só me queimava, agora aquece e faz brilhar o que tenho de bom.
Tava em meu quarto, o admirando pela janela e pensei: poxa! O tempo tá tão lindo e eu aqui o vendo passar. Levantei, tomei um banho, coloquei minha saia florida e fui tomar um café. No caminho da pastelaria não resisti e sentei na praça onde os senhores de idade se reúnem as tardes para conversar. Eu e 15 pessoas com mais de 65 anos apenas sentindo o sol. É doido, mas faz bem. É tão gostoso perceber ritmos de vida diferentes do nosso. Depois de uns 10 min, levantei e fui ao café escrever. Agora, o café acabou e o sol já está se pondo e acho que é hora de me recolher também.

Velha e Louca

Música inspiração


              

Porque as pessoas viajam e fazem blog?




Há alguns dias venho sentido uma vontade enorme de fazer um blog. Para que? Foi o que eu perguntei. Já tive um blog no passado e não consegui mantê-lo, então para que fazer outro?
Comecei a pensar nesse assunto essa semana e nos inúmero porquês que minha mente me faz. Porque eu sinto uma vontade louca de me expressar? Porque coincidentemente isso acontece quando eu viajo? E pior que isso, é porque várias outras pessoas iniciam um novo blog, ou escrevem um livro, ou compõem música ou qualquer coisa do gênero também quando viajam??
Obviamente eu não sei o porquê das outras pessoas, mas arrisco em explicar o meu. Toda vez que viajo, me encontro. Cheguei a conclusão que já fui dezenas de Mariana nessa vida e tenho certeza que tem mais umas 300 dentro de mim esperando o momento certo para aflorar. Já fui Mariana nadadora, Mariana namorada, Mariana irmã, Mariana zen e hoje sou a Mariana longe de casa e com saudade do calor.
Em todas essas fases senti umas energias muito intensas que percorreram todo meu corpo e praticamente me pediram pra ser colocadas pra fora. Algum maluco a definiu como inspiração e eu acreditei. O engraçado, é que eu sempre ignorei. Abri um livro, entrei no face ou coloquei uma música e agora eu não quero mais deixar pra lá. Eu quero expelir, quero expressar, quero escrever. E é por isso que surgem os blogs. Uma vontade doida de colocar pra fora aquilo que não queremos guardar só pra nós. Sem intenção de reconhecimento ou admiração, é só um anseio por unir pessoas que sentem a mesma coisa que a gente e talvez contribuir, mesmo que pouco, com alguma loucura igual a nossa.
Então, bora escrever o que passa na minha cabeça, bora colocar pra fora tudo o que penso, bora abrir um blog.