13 de junho de 2014

Brasil, meu amor


Ninguém pediu minha opinião e nem devem se interessar muito pelo o que penso, mas, acho, que nunca me senti tão feliz em escrever como hoje.
Alguns devem achar que por estar fora do Brasil, longe das manifestações e distante de toda confusão que eu não tenho direito de opinar sobre o meu país. Entretanto, digo, que nunca me senti tão parte da minha nação como venho me sentindo nos últimos meses. Não estou aqui para falar de governo e governantes, estou aqui para mostrar o olhar de uma brasileira que mora longe e que nem por isso, acha que é um privilégio.
Estou muito orgulhosa, Brasil. Muito orgulhosa pelo país, muito orgulhosa da presidentA que independente da reação dos torcedores, encarou a abertura de peito erguido, estou orgulhosa dos meus amigos brasileiros reunidos assitindo o jogo e estou orgulhosa pela abertura da copa.
Fanática que sou, assisti tudo muito concentrada e conclui que tudo depende sempre de quem vê.
Hoje li o título de um texto que fala sobre a arquibancada verde e amarela no estádio e de como eles não representavam o Brasil. Discordo. Não porque defendo a elite branca brasileira (como o autor descreveu), mas porque sim, eles literalmente são brasileiros e foi essa a imagem que ficou do jogo de ontem, pelo menos no exterior. Fiquei extremamente emocionada ao assistir todos cantando o Hino Nacional com muito orgulho e amor e eu tinha absoluta certeza que muitos que reivindicaram até ontem, iriam se render a emoção da copa hoje. Ouvir um estádio inteiro cantando um dos Hinos mais lindos do mundo, é mesmo de arrepiar, pois é possível perceber que independente do ódio ainda há muito amor pela nossa pátria.
Também discordo com as imensas críticas sobre a abertura. Se o show realizado foi playback ou se o figurino das cantoras era Chanel ou Riachuelo, realmente não me interessa. O que fez meus olhos encherem de lágrimas foi conhecer um pouco das danças de regiões que nem eu conhecia (agora imagina um estrangeiro), foi ver o sorriso no rosto do rapaz que realizou o primeiro chute da competição e que graças a tecnologia, liderada por um brasileiro, sentiu a emoção de poder movimentar as pernas novamente. Não menos importante, chorei, e chorei mesmo, ao ver as três crianças representando a mistura brasileira e iniciando a partida com três pombas brancas. Definitivamente, se a copa anterior e a anterior da anterior foram melhores, talvez seja verdade. Entretanto, o que não me orgulho em nada, é saber que muitos pensam isso porque elas foram realizadas em um lugar fora do Brasil. Para mim, é cada vez mais claro que o que vem de fora não é melhor e a grama do vizinho nunca é mais verde que a nossa!

Hoje, fui almoçar em um restaurante totalmente português e com a mesma ''facilidade'' de ontem, também me emocionei e dessa vez não foi de alegria. Na televisão local, passava uma reportagem com um grupo de manifestantes queimando a  bandeira do Brasil em algum litoral que não consegui identificar.
Durante duas horas de almoço com duas horas de jornal, apenas 1 minuto foi destinado à revolta de alguns brasileiros e mesmo assim eu me emocionei, porque o que dói mesmo é ter que ouvir uma nação (Portugal) que não é minha dizer coisas das quais eu não concordo e ainda me julgarem por isso todos os dias por onde eu passo.
Gostaria que muitos tivessem a oportunidade de morar fora um dia e que pudessem sentir as diferenças na pele e perceberem que não há lugar no mundo melhor que o nosso. A Itália não é boa por ser Itália. Portugal não é bom por ser Portugal e Alemanha não é boa por ser Alemanha. Tudo é estereotipado na nossa cabeça de uma maneira nem tão verdadeira assim. Todos os lugares, sem exceção, tem seus problemas sociais, políticos e esportivos. Não é só o Brasil, baby.
Um dia desses li uma reportagem com os seguintes dizeres:

''para a gente entender o que de fato aconteceu neste país é preciso entender a nossa história. Já disse e repito: Cristóvão Colombo chegou em Santo Domingo, em 1492, e em 1507 ali surgia a primeira faculdade. No Peru, em 1550, na Bolívia, em 1624. O Brasil ganhou a primeira faculdade com dom João VI, mas a primeira Universidade somente em 1930. Então você compreende o nosso atraso. Qual é nosso orgulho?
Este país foi o último a acabar com a escravidão, foi o último a ser independente. Só foi ter voto da mulher na Constituição de 30. Tudo por aqui resulta de um acordo, inclusive um acordo contra a ascensão social.''
 
Sabe quando nós saímos da Universidade achando que somos super competentes e algumas empresas não nos aceitam no mercado de trabalho porque não temos experiência o suficiente? Pois é, é mais ou menos assim que eu enxergo o Brasil perante o mundo. 
Novamente, não estou defendendo nenhum partido ou método político, só quero mostrar algo que aprendi morando fora e atualmente acho extremamente estúpido humilhar tanto o local onde nascemos e onde provavelmente iremos crescer e morrer. 
O Brasil, ao contrário do que pensam, é um país muito moderno para tão pouca idade e acho que devemos é ter muito orgulho por tudo que conseguimos conquistar. 
Em Portugal, moro numa cidade com quase 2000 anos enquanto que no Brasil a minha não tem nem 110 e acho quase impossível criar qualquer tipo de comparação. Por isso, é que me orgulho muito do que está acontecendo hoje no meu país e me orgulho muito de poder estar em outro continente ajudando a mostrar o que temos de melhor. E mostro isso estudando, mostro isso me destacando, mostro isso trabalhando na área que escolhi, pois é assim que eles vão me enxergar. Não serei a mulher brasileira e bonitinha que gosta de futebol, mas a brasileira que veio estudar e fazer a diferença. E o melhor de tudo, é poder ver os colegas que escolhi fazendo o mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário