13 de fevereiro de 2014

Teatro social

Esses dias, precisei escrever um artigo para o mestrado sobre o tema fashion victim ou vítimas da moda em português. O assunto é extremamente interessante e aborda muitas linhas de raciocínio que me deixou empolgada com as leituras.
Entre os embasamentos teóricos que li, me fascinei pelo livro de um escritor francês chamado A Sociedade do Espetáculo. O livro aborda uma vertente da sociedade que cultiva uma vida de espetáculo através de uma imagem irreal para promover uma identidade através do consumo e do sistema capitalista. Durante a leitura, muitos fatos atuais passaram pela minha cabeça e comecei a pensar em hipóteses doidas, como:
Qual seria a reação, por exemplo, das pessoas diante de um amigo do facebook que só postasse fotos, músicas e frases tristes? Qual a influência esse perfil teria nos leitores? O excluiriam? Sentiriam pena? Menos ligações, menos curtidas e menos ombro amigo?
E se o indivíduo em si fosse muito feliz, sucedido, bem posicionado e, mesmo assim, postasse esse tipo de situação, como se fosse uma fraude virtual. Será que, mesmo o conhecendo, nós acreditaríamos na felicidade real dele? Com certeza não. E isso é o que acontece com todos os perfis de facebook e inúmeros outros pelo mundo (virtual e real). As pessoas apresentam sempre o melhor de si, ou o que acham ser o melhor de si e, impulsivamente, absorvemos essa imagem e a tornamos como verdade. Continuamos nos agrupando com os mais felizes e bonitos e excluindo os infelizes e feios, afinal, é dificil aceitar a tristeza profunda de alguém que só sorri nas fotos. É confuso entender que a garota de roupas lindas e diferentes em cada momento, passe por dificuldades financeiras e não é aceitável perceber que o casal sempre feliz e apaixonado do facebook passe por crises emocionais intermináveis.
Por carência emocional, afetiva e psicológica, nós distorcemos nossa própria imagem para parecer algo "aceitável" à sociedade. Carregar esse perfil é doloroso demais. Quanta energia e tristeza são depositadas todos os dias em nossa autoestima para conseguir manter esse espetáculo? 
Pessoas que sorriem são vistas como felizes. Quem irá reparar no desastre oculto?(Frederico Mattos)
Não tenho muitas conclusões para esse texto, na verdade tenho, mas não vale a pena ser escrita. O importante, acredito que seja pensar o mal que faço para mim mesma ao tentar divulgar aquilo que não sou ou que não tenho.

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